Respublica Repertório Português de Ciência Política
Edição electrónica 2004
Demagogia
O demagogo, na sua expressão grega primitiva era apenas o chefe ou “condutor do povo”,
sem qualquer sentido pejorativo, servindo para qualificar os chefes políticos,
como Sólon ou Demóstenes. A palavra sofre uma evolução semântica e já em
Platão (Politeia, livro V), o
demagogo é qualificado como o animal que chama
boa à s coisas que lhe agradam e más à s coisas que ele detesta. Do mesmo
modo em Aristóteles (Política, livro
V), onde se acentua que o demagogo utiliza a lisonja e os artifícios oratórios.
A partir do século XIX a demagogia
passa a ser considerada uma degenerescência da política, correspondendo à
definição dada por Bertrand de Jouvenel, a
arte de conduzir habilmente as pessoas ao objectivo desejado, utilizando os seus
conceitos de bem, mesmo quando lhe são contrários. Max Weber utilizando um
conceito amplo de demagogo, que inclui o jornalista, defere que na política
contemporânea o demagogo substitui o púlpito. Com efeito, na democracia de
massa, os chefes políticos utilizam algo que vai além da persuasão e que se
inclui na zona do artifício e da manha, gerando-se um populismo que também
chegou a ser utilizado pelos instauradores de regimes autoritários e totalitários,
mas que também funciona na propaganda democrática, no âmbito da chamada
personalização do poder. Como assinala Max Weber,"desde que apareceu o
Estado Constitucional e , mais completamente, desde que foi instaurada a
democracia, o demagogo é a figura típica do chefe político no Ocidente".
Uma demagogia que, depois de se transmitir pela palavra impressa e através dos
jornalistas,passou para a rádio e
para a televisão.